segunda-feira, 21 de março de 2011

Alan, Rafael, Thiago e Welisson

Qualidade nos mínimos detalhes
Com custo bem mais baixo, ovinocultores de Fartura e região comemoram os benefícios do associativismo, aprimoram o índice zootécnico das matrizes e conseguem valorizar a produção


O Núcleo dos Criadores de Ovinos de Fartura e Região tem bons motivos para comemorar o resultado obtido em menos de dois anos, desde que, em abril de 2006, passou por consultorias técnicas e, depois, ocupou um espaço comunitário cedido pela prefeitura na Chácara Municipal, na região central da cidade. O grupo reúne 12 produtores de Fartura e da vizinha Piraju, que criam em confinamento ovelhas com excelente carne para consumo, resultado do cruzamento de matrizes que aprimoram a criação. Quem explica é Willem Alexandre Garcia Bortotti, dono de 120 matrizes em seu Sítio Santo Antônio, em Fartura: “O confinamento comunitário e as consultorias técnicas foram a salvação. Nesse aspecto, a administração municipal e o Sebrae-SP tiveram papel fundamental, ao incentivar o associativismo e fornecer apoio técnico. Se continuássemos a vender, cada um por si, o animal para abate por R$ 2,80 o quilo, já teríamos desistido. Em conjunto, conseguimos quase dobrar o preço de venda”, explica. Bortotti lembra, também, que o custo diário para criar cada ovelha na Chácara caiu de R$ 1,20 para R$ 0,70.
O espaço para o confinamento resultou de um trabalho conjunto do Escritório Regional do Sebrae-SP em Ourinhos, da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf), dos sindicatos rurais de Fartura e Piraju e da Associação Paulista dos Criadores de Ovinos (Aspaco). Para o Núcleo dos Criadores, essa parceria significou o fim dos tempos de prejuízo. A meta de 20% de aumento do faturamento para 2008 foi atingida com folga, segundo Bortotti: “Agora, tudo aqui é cuidadosamente controlado, da data de entrada até a saída de cada cordeiro. Compramos a ração em conjunto, mais barata, e temos um funcionário que cuida da alimentação. Além disso, um veterinário presta consultoria ao grupo e acompanha periodicamente o processo produtivo. Também contamos com um laboratório no local, para aprimoramento dos cuidados com a saúde dos animais, além da consultoria dos programas Sistema Agroindustrial Integrado (SAI) e Sebraetec, do Sebrae-SP”.

Willem Bortotti no confinamento da Chácara Municipal: tudo mudou com a
união dos produtores e o apoio do Sebraetec e de seus parceiros.



















Associativismo qualificado – Bortotti representa bem o atual estado de espírito dos produtores. Os animais que ele cria em confinamento não são mais do que 120, e assim que chegam ao peso ideal não fica um nos pequenos currais. Trata-se de um grande avanço para quem vinha, nos quatro anos anteriores a 2006, tentando desenvolver a ovinocultura na região, sem achar o caminho.
O projeto de associativismo revolucionou conceitos e práticas dos ovinocultores. Os dados de avaliação do rebanho referentes a 2007 são reveladores: num grupo de 1,6 mil animais, 75% foram classificados com índices “muito bom” e “bom”, o que, com certeza, estará ainda melhor na avaliação de 2008, acredita Bortotti. A redução do custo na compra de insumos também é ressaltada pelo criador: “Se cada um de nós tivesse de adquirir a ração por conta própria, gastaria R$ 0,55 por quilo, mas a compra coletiva faz o preço cair para R$ 0,45. Cada animal é criado dentro das normas sugeridas nas oficinas do Sebraetec, como o calendário sanitário, e está pronto para a venda em 100 dias”. O grande achado no projeto, na visão do presidente do Núcleo dos Criadores, Júlio Mazetto, foi a adoção do associativismo como alternativa organizacional. A partir daí se tornou possível concretizar avanços como a alimentação balanceada do rebanho, a compra conjunta de insumos e a criação do laboratório de diagnóstico de verminose. Antes, o grupo tinha sérios problemas em gestão, baixa qualificação de mão-de-obra, produção deficiente, rebanho sem qualidade adequada e falta de mercado comprador. Com a ação dos parceiros, tudo clareou.
A mão-de-obra foi treinada nos sindicatos. A gestão estratégica se moldou nas oficinas de qualificação, assim como a comercialização evoluiu com ações de marketing, o que levou à adequação dos espaços para amostragem dos animais e realização de leilões em Fartura. “Hoje somos conhecidos no estado todo, e isso é fruto de muito trabalho, que nos permitiu agregar valor. Estamos, porém, apenas no início de um longo caminho”, completa Bortotti.


Atendimento
Escritório Regional do Sebrae-SP em Ourinhos
Modalidade: Sebraetec
Apoio: Fepaf
Tipos de inovação: marketing, organizacional, processo

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