sábado, 4 de junho de 2011

Inovação Empresarial - O caso Siemens em Portugual


João Picoito
Administrador
Siemens Portugal
A ideia da inovação como fonte de crescimento econômico é hoje recorrente na literatura econômica. Independentemente da taxa de crescimento da economia do país, a inovação estratégica permite às empresas criar valor e crescer, desde que estejam dispostas a assumir riscos e a questionar o status quo .
 
O desafio das empresas inovadoras é conseguirem recriar-se para, dessa forma, ganharem uma vantagem competitiva sobre a concorrência. O sucesso de uma empresa no longo prazo depende da inovação, muito mais do que da redução de custos, que apenas garante uma vantagem temporária. A inovação possibilita obter uma vantagem competitiva mais duradoura, na medida em que é distintiva e mais difícil de copiar.Mostrar tudo
 
Importa sublinhar que a inovação não é apenas tecnologia, mas antes envolve todas as dimensões da empresa (produtos, bens ou serviços, processos, marketing ou desenho organizacional) ao longo da sua cadeia de valor, com especial enfoque nos seus Clientes. A compreensão exata das necessidades dos Clientes pode conduzir uma empresa a novos produtos ou serviços, novos modelos de negócio, ou novas formas de abordar o mercado. Porém, esta tarefa não se pode reduzir à condução de estudos de mercado ou inquéritos periódicos de avaliação da satisfação dos Clientes; implica que a empresa coloque status quo
Inovação Estratégica “O foco central da nossa estratégia de inovação é o Cliente permanentemente o seu enfoque sobre o Cliente, estude os seus hábitos e estilos de vida, conheça as características dos seus processos de negócio e acompanhe a sua evolução, de forma a detectar necessidades latentes que a oferta atual não consiga satisfazer.

É unanimemente aceite que um dos requisitos fundamentais para que uma empresa possa inovar é ter uma estratégia formal de inovação, recursos dedicados e umprocesso que a sistematize. Na Siemens Portugal, a aposta na inovação foi uma estratégia iniciada em 1995, resultante da análise do contexto econômico mundial e do posicionamento de Portugal nesse contexto. Com um mercado doméstico de dimensões escassas, confrontado com uma crescente abertura do país ao mercado global e com os custos de trabalho qualificado a crescer (ficando progressivamente, ano após ano, pouco  competitivos face ao Leste da Europa, à China ou à Índia), a aposta da Siemens Portugal, não poderia continuar a concentrar-se nos centros de produção tradicionais, baseados em mão-de-obra intensiva e baixo valor acrescentado. Nesse contexto, a aposta na inovação revelou-se natural e obrigatória.
 
Em 2004, decidimos formalizar a nossa aposta na inovação sistemática através da criação de um Sistema de Gestão da Inovação, i2: Iniciativa Inovação. A Iniciativa Inovação resulta do entendimento que temos da
inovação: a inovação é dinâmica, projeta o futuro e promove o "fazer melhor". Neste modelo de inovação empresarial, o foco está na constante procura das mutações dos mercados, no sistema tecnológico e nos fornecedores, assim como na busca contínua de novas ideias que permitam conceber produtos cada vez melhores, processos cada vez mais eficientes e uma organização cada vez mais capaz de tirar melhor e mais rápido partido das oportunidades.
 
A política de inovação da Siemens Portugal desenvolve-se em 3 planos distintos: no plano estratégico temos 4 Programas e respectivos vetores de ação, no plano setorial temos as iniciativas que estabelecem planos de ação específicos para os respectivos segmentos de mercado ou âmbitos de intervenção, e no plano operacional temos um centro corporativo, transversal a toda a organização, exclusivamente dedicado à implementação.

A aposta na inovação tem trazido à Siemens Portugal vantagens objetivas. A Siemens Portugal conta hoje com 4 centros de inovação mundiais na área das comunicações: tecnologia óptica, multimédia, home entertainment e telecommunications network management. Estes centros baseiam-se em mão-de-obra altamente qualificada e num modelo de negócio assente na exportação que garante a geração de um elevado valor acrescentado para a Siemens Portugal e para o país.
 
Em 2005, a Siemens Portugal investiu 55 milhões de euros em Investigação e Desenvolvimento (I&D), contando com mais de 1500 engenheiros, que produziram 2,2 milhões de horas de I&D. Com origem nos nossos centros de inovação em Portugal foram submetidos em 2005 mais de quarenta IPR (Registos de Propriedade Intelectual) que deram origem a cerca de 30 patentes registadas internacionalmente, o que constitui o maior índice de patentes no universo Siemens. 

Porém, a inovação não se resume aos produtos e não tem que estar dependente de uma nova tecnologia. Na Siemens Portugal temos sabido apostar na inovação associada aos processos e às soluções, combinando tecnologias já existentes e interno com o objetivo de melhorar a nossa oferta e ir ao encontro das necessidades dos nossos Clientes.
 
O foco central da nossa estratégia de inovação é o Cliente. Um caso exemplificativo desta prioridade é o do terminal aeroportuário temporário que construímos para o Euro 2004, com capacidade para 4000 passageiros/hora. Recorrendo a produtos e tecnologias de que já dispunhamos, fomos capazes de desenhar uma solução que respondiaàs exatas necessidades do nosso Cliente. O resultado foi inovador e a solução patenteada de forma a ser replicada mundialmente. No início deste ano, a Siemens Portugal venceu um concurso para a construção de um terminal idêntico para o Qatar graças à exportação deste conceito, integralmente desenvolvido em Portugal.
 
Em resumo, estou seguro que as empresas nacionais com futuro serão aquelas que apostarem na inovação. A dimensão do mercado doméstico e a subida do nível de vida (e, consequentemente, do preço da mão-de-obra) impedem a competição por via dos custos. O sucesso da nossa economia depende da capacidade de exportar e, como tal, de competir globalmente em mercados extremamente competitivos.

É essencial perceber que não pode haver desenvolvimento sem inovação. Os casos de sucesso nacionais amplamente conhecidos são a prova que temos as condições, o know how e as competências para inovar e competir globalmente. Também constatamos que o discurso empresarial tem hoje o seu focus voltado para a inovação, não  faltando informação e a consciência pública da sua importância para a economia. Resta-nos, portanto, passar das palavras aos atos.

Postado por Marisa de Oliveira Marzano Goncalves - Matricula 300015700
8º Período - Administração